sexta-feira, 19 de fevereiro de 2010

ainda acredito


Ainda Acredito
Ainda acredito em anjos. Ainda sonho com arco-íris após tardes chuvosas. Ainda olho os céus encobertos das desgarradas noites do meu dia. Ainda creio no sorriso moleque e inocente das crianças. Ainda ouço as ondas do mar quebrando à beira da praia, levando-me para onde meu peito não ousa fugir. Ainda canto aquelas canções velhas, de uma vitrola quebrada, que tanto fazia-nos rir. Ainda desejo tua mão sobre a minha, apertando-a forte, fazendo-me crer que os problemas percorrem caminhos diversos a aquele percorrido pelo nosso amor. Ainda ouço a tua voz, me dizendo baixinho, no canto, no ouvido, guiando-me na escuridão de meus passos, na certeza única de um amor só nosso.
Ainda acredito nas tuas palavras de outrora, me sacudindo os pensamentos errantes, e, me cobrindo de coragem o peito, a enfrentar do meu jeito, os temores meus de nossas vidas. Meu peito era teu refúgio. Teu colo, meu travesseiro. Nossas mãos se encaixavam aos leves e delicados toques textualizados por nossas peles. Mãos que se beijam, dedos que conversam amiúde. Devagar, sem pressa, sussurrando um ao outro. Anelar com anelar, trocando segredos, guardando pecados, sustentando um ao outro, numa estrutura rija, e, ao mesmo tempo tão frágil, como o quedar de nossas pálpebras sucumbentes as dolentes cortes do Senhor dos Sonhos de todas as nossas noites.
Ainda acredito nas tardes no parque. No lago de sempre. No cheiro das flores do campo tomando as nossas narinas enquanto sorrimos e rimos de nós mesmos, diante de uma folha que se cai, sob a ação de um tempo que ignoramos.
Ainda acredito que nos encontramos para nunca nos perdemos. Ainda acredito que erramos, que esquecemos. Ainda acredito que um dia nos veremos, e, enfim, seremos tudo isto que um dia desejamos ser, e, que não nos permitiram aqui viver.

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